Quarto de Chelsea

Brad já havia me chamado diversas vezes e eu pedia para ele esperar. Será que ele ainda não entendeu que eu ainda preciso de um tempo? Me chamar mais vezes não vai fazer eu me adiantar, apenas vai me irritar e me deixar mais estressada do que já estou. Juro que se ele me chamar novamente eu não me responsabilizo pela minha reação. Pois é, parece que ele não me entendeu. "Eu já pedi para me esperar, Bradley! Será que eu vou precisar desenhar pra você entender!?" respirei fundo, tentando me acalmar, mas calma é a última coisa que eu vou ter no momento. "Ai senhor, onde eu coloquei?" sussurrei para mim. Eu já procurara aquela maldita arma nas gavetas e no armário, mas nada. Se alguém tiver descoberto que eu guardava aquilo, não consigo nem imaginar o que fariam comigo.
Sentei na cama, respirando fundo novamente. "Procurando por isso?" levantei e me virei, vendo Kurt com a arma na mão e, alguns segundos depois, bem a minha frente, apontando a arma para mim, encostando ela na minha testa. "Você não atiraria" ele fez que não com a cabeça e riu de forma debochada, tirando a arma de minha testa. Eu me aliviei. Sei que ele nunca atiraria em mim, mas não duvido que ele adorasse me ver morta.
"Como entrou aqui?" perguntei enquanto me aproximava de Kurt para tentar tomá-la de sua mão, mas ele se afastava. "Sempre estive aqui" ele me respondeu como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo. "Mentira. Reconheço quando mentem para mim então é melhor ficar atento com o que me fala. Mas isso não importa, não me surpreendo que você tenha arranjado um jeito para invadir meu quarto, você é esperto. Aliás, somos bem parecidos, basta você reconhecer isso." Continuei me aproximando e ele continuava se afastando, isso me irritava, ele negava com a cabeça. Eu não sabia se era a aproximação ou o que eu disse, mas de qualquer forma, ele me desprezava, e eu não gosto disso. "Ah, qual é, Kurt. Eu sei que você quer me beijar."

Ela me deixou contra a parede e não havia como escapar. Por que ela acha que eu deveria gostar dela como todos os outros idiotas? Principalmente como esses dois amigos dela que ela trata como capacho. Com tantos garotos querendo ela, por que eu? Por que a pessoa que mais despreza essa vadia? Eu não quero beijá-la, ou quero? Não, não quero, eu quero é empurrá-la, mas não quero correr o risco de deixar a arma disparar acidentalmente. – Não, não mesmo, fica longe de mim. – Não adianta mandá-la pra longe. Ela não desiste até conseguir o que quer.
Chelsea colocou uma de suas mãos em minha nuca e me beijou, me soltando logo depois. Pus a mão que não segurava a arma em sua cintura e puxei-a para mais perto voltando a beijá-la. Em que eu estava pensando quando decidi beijar essa cobra? Soltei sua cintura e parei o beijo, fazendo Chelsea se afastar me mostrando a arma. – Eu disse que você queria me beijar – ela falou de uma forma que me irritava, ela me irritava. Eu não queria fazer isso, nem sei por que fiz. Ela é manipuladora, uma cobra venenosa, uma vadia. Ela se entrega para conseguir o que quer, mas se é esse o joguinho dela, eu vou ter que jogar.
Ela se virou para guardar a arma na mala, não sabia exatamente o que fazer, mas não podia deixar aquela arma nas mãos dela, não é seguro para ninguém. Fui atrás dela e puxei-a para perto novamente, fiz com que ela soltasse a arma e a jogasse na minha mão e a beijei. Eu realmente não acreditava que eu estava beijando-a de novo. Chelsea pôs uma mão em meu peito e eu pensei que ela fosse me empurrar, mas ela não fez isso. Com a outra mão, tentava roubar a arma de minha mão, mas não conseguia. Já tínhamos parado o beijo, mas eu mantinha nossos corpos próximos para que não fosse necessária uma luta além da dos nossos braços.
Nessa ‘pequena’ luta, a arma disparou fazendo um grande barulho e atingindo a vadia de raspão. Não deu nem tempo de soltá-la até que alguém abrisse a porta e Kathleen entrasse desesperada. – O QUE ACONTECEU AQUI? – não respondemos – Você está bem? – perguntei baixinho para a Chelsea antes de soltá-la. – Não precisa fingir se preocupar comigo, não vou falar que foi você quem roubou a arma. – Ela respondeu me surpreendendo, em parte, eu realmente me preocupava, não entendia isso. – É... Vocês podem fazer isso outra hora, estamos atrasados. – A nossa ‘chefe’ comentou e, finalmente, nos soltamos. Mas, de qualquer forma, meio tarde, pelo que parece, acham que estamos namorando. – Você podia ter me matado. – tudo o que consegui fazer depois desse comentário foi rir e responder logo depois – Ai ai, você fala isso como se fosse inocente, como se nunca tivesse matado alguém.